“Do alto das muralhas, noto que a cidade é pouco mais do que um reduzido quadrado envolvido por esta vistosa barreira de pedra. Apenas cinco pequenas entradas permitem o acesso à cidade velha. Mas é no interior dessa figura geométrica que estão guardadas as principais relíquias do passado. Nada de prédios ou outros edifícios de mediana envergadura. Apenas casas térreas de um estilo bem definido, notoriamente de outra época. Algumas já restauradas, outras em via disso, bastantes ainda demasiado degradadas. E um ar de vida de bairro, com gente cozinhando apetitosa doçaria em plena rua. Comerciantes de pequenas lojas tentando atrair clientes. Barbeiros em intensa actividade. Dentes de ouro, luzindo aqui e ali. Velhos jogando cartas e jogos chineses em redor de mesas colocadas nas ruelas. E cheiros, muitos cheiros como em qualquer aldeia portuguesa. Um ocasional hello vindo de bocas juvenis, brincando. Ou gente sentada nos passeios saboreando um cigarro ocasional à porta de casa. E que casas, por vezes!”
Vamos lá, este fim de semana. Amanhã apanhamos o comboio às sete da tarde e aí vou eu, reviver em versão pinyin o comboio das Férias Desportivas. Onze horas de viagem, como o mui lendário Porto-Tavira. Infelizmente, só eu e o João temos a sorte de conhecer ao vivo esse ícone ferroviário. Mas contaremos aos nossos companheiros os diversos pormenores que hoje nos fazem suspirar por viagens nocturnas de comboio. Vamos em classe “hard sleeper”, pois já não havia “soft”. E voltaremos de avião, no domingo à noite. Tudo, repito, tudo, por quarenta e nove euros. E agradeço com amizade os insultos que provavelmente são proferidos aquando da leitura da frase anterior. Welcome to China. Eu gosto. E estou cá.
Depois ponho as fotos do contentamento dos Gobi BD fans.