De descrições históricas e panfletos turísticos sobre esta pequena cidade do interior da China, já está este pasquim satisfeito – ver A China Onde Vivem Os Chineses.
Assim, resta contar aquela que é a realidade que não vem nas publicidades mais ou menos enganosas.
Pingyao é uma localidade essencialmente feia. Flagelada durante anos e anos por minas e centrais de carvão, dentro e fora da cidade, na boa tradição comunista de perseguir o “progresso” a qualquer custo, o resultado é uma cidade de uma só cor – cinzento. Telhados, paredes, ruas, atmosfera, pessoas, tudo, tudo envolto ou coberto numa fina camada de pó negro, reforçada pela poeira causada pelas inúmeras obras que vão decorrendo nas vias e nos edifícios. Essa é a imagem que predomina e a memória que fica em primeiro lugar. Nunca mais me queixarei do belo e saudável smog de Pequim.
Depois há o resto. E o resto é a China que todos os que não a conhecem pensam que ela é. Dentro das muralhas da cidade, onde ficámos instalados, concretamente no acolhedor Jinjinglou Youth Hostel, característico pelos quartos das camas de três lugares (!), as ruas são estreitas e compridas, ladeadas por incontáveis lojas e lojinhas, que vendem tudo e mais alguma coisa: artesanato, comida, passeios, dormidas, almoços, jantares, roupa, acessórios e muitas outras coisas. Há vendedores de rua por toda a parte, os que fazem petiscos ao vivo e a cores e os que apenas tentam vender brochuras turísticas. As ruas são perpendiculares e todas pedonais. Por isso, há sempre a expectativa de dobrar mais aquela esquina, aliada a uma ténue sensação de labirinto. O ambiente é de boa disposição, ao ponto de até termos parado na rua para jogar um jogo típico com mais seis ou sete chineses e chinesas. Aqui é mesmo assim. Em Pequim vê-se muito jogar badmington, sobretudo à noite e no meio do passeio, por pessoas que, em Portugal, normalmente estariam em casa a queixar-se do frio ou de outra coisa qualquer ou então já a dormir.
Quando saímos das muralhas para visitar um templo taoísta a seis quilómetros dali, apercebemo-nos que na estrada, a China de Pequim não é diferente da China de Pingyao. Mas sobre isto falarei mais tarde.
Visitámos também um outro templo, da denominação tibetana do budismo, este ainda dentro de muralhas. É preciso esclarecer que “templo” não significa um edifício, mas um complexo deles, cada um dedicado a deuses diferentes e com história e contexto próprios. Assim, num cenário de introspecção e recolhimento, fomos presenteados com a companhia de alguns monges, que candidamente nos pediram para lhes ensinarmos a dizerem pussy, dick e tits, mas não sem educadamente retribuir, louvando alguns destes atributos de alguns dos banpos ali presentes, mormente os últimos. O que fica sempre bem a qualquer clérigo, sobretudo se tiver uma aparência perfeitamente inofensiva e se for baixinho, gorducho e sorridente. O absurdo e o inesperado fazem parte desta terra. Não por se interessarem pela matéria em causa, que isso é universal, mas por o demonstrarem publicamente e com a maior das naturalidades.
Mais tarde, viríamos a conhecer um local de convívio bem à moda que conhecemos: um pub, mais ou menos inspirado nos pubs britânicos. O "Sakura". De registar a amabilidade do dono do dito, aquando do lanche que lá comemos, ao convidar-nos para a festa que haveria de decorrer à noite, esquecendo-se porém de acrescentar que os convivas de tal evento seríamos apenas nós e a dúzia de estarrecidos mirones que, do lado de fora e com os narizes colados à janela nos observavam despudoradamente enquanto dançávamos (uns com os outros, pois não estava lá mais ninguém). Boa música apesar da mesa de som estourada a meio da paródia, boa bebida apesar de nem todos a terem mantido no estômago e boa noite de descanso apesar da estranha história dos quase threesomes forçados.
No dia seguinte, pouco mais fizemos para além da viagem de regresso. Tínhamos cem quilómetros de estrada pela frente até ao aeroporto mais próximo, enfiados numa carrinha de nove lugares apesar de sermos onze, e ainda dois locais ditos especiais para visitar no caminho.
Assim, resta contar aquela que é a realidade que não vem nas publicidades mais ou menos enganosas.
Pingyao é uma localidade essencialmente feia. Flagelada durante anos e anos por minas e centrais de carvão, dentro e fora da cidade, na boa tradição comunista de perseguir o “progresso” a qualquer custo, o resultado é uma cidade de uma só cor – cinzento. Telhados, paredes, ruas, atmosfera, pessoas, tudo, tudo envolto ou coberto numa fina camada de pó negro, reforçada pela poeira causada pelas inúmeras obras que vão decorrendo nas vias e nos edifícios. Essa é a imagem que predomina e a memória que fica em primeiro lugar. Nunca mais me queixarei do belo e saudável smog de Pequim.
Depois há o resto. E o resto é a China que todos os que não a conhecem pensam que ela é. Dentro das muralhas da cidade, onde ficámos instalados, concretamente no acolhedor Jinjinglou Youth Hostel, característico pelos quartos das camas de três lugares (!), as ruas são estreitas e compridas, ladeadas por incontáveis lojas e lojinhas, que vendem tudo e mais alguma coisa: artesanato, comida, passeios, dormidas, almoços, jantares, roupa, acessórios e muitas outras coisas. Há vendedores de rua por toda a parte, os que fazem petiscos ao vivo e a cores e os que apenas tentam vender brochuras turísticas. As ruas são perpendiculares e todas pedonais. Por isso, há sempre a expectativa de dobrar mais aquela esquina, aliada a uma ténue sensação de labirinto. O ambiente é de boa disposição, ao ponto de até termos parado na rua para jogar um jogo típico com mais seis ou sete chineses e chinesas. Aqui é mesmo assim. Em Pequim vê-se muito jogar badmington, sobretudo à noite e no meio do passeio, por pessoas que, em Portugal, normalmente estariam em casa a queixar-se do frio ou de outra coisa qualquer ou então já a dormir.
Quando saímos das muralhas para visitar um templo taoísta a seis quilómetros dali, apercebemo-nos que na estrada, a China de Pequim não é diferente da China de Pingyao. Mas sobre isto falarei mais tarde.
Visitámos também um outro templo, da denominação tibetana do budismo, este ainda dentro de muralhas. É preciso esclarecer que “templo” não significa um edifício, mas um complexo deles, cada um dedicado a deuses diferentes e com história e contexto próprios. Assim, num cenário de introspecção e recolhimento, fomos presenteados com a companhia de alguns monges, que candidamente nos pediram para lhes ensinarmos a dizerem pussy, dick e tits, mas não sem educadamente retribuir, louvando alguns destes atributos de alguns dos banpos ali presentes, mormente os últimos. O que fica sempre bem a qualquer clérigo, sobretudo se tiver uma aparência perfeitamente inofensiva e se for baixinho, gorducho e sorridente. O absurdo e o inesperado fazem parte desta terra. Não por se interessarem pela matéria em causa, que isso é universal, mas por o demonstrarem publicamente e com a maior das naturalidades.
Mais tarde, viríamos a conhecer um local de convívio bem à moda que conhecemos: um pub, mais ou menos inspirado nos pubs britânicos. O "Sakura". De registar a amabilidade do dono do dito, aquando do lanche que lá comemos, ao convidar-nos para a festa que haveria de decorrer à noite, esquecendo-se porém de acrescentar que os convivas de tal evento seríamos apenas nós e a dúzia de estarrecidos mirones que, do lado de fora e com os narizes colados à janela nos observavam despudoradamente enquanto dançávamos (uns com os outros, pois não estava lá mais ninguém). Boa música apesar da mesa de som estourada a meio da paródia, boa bebida apesar de nem todos a terem mantido no estômago e boa noite de descanso apesar da estranha história dos quase threesomes forçados.
No dia seguinte, pouco mais fizemos para além da viagem de regresso. Tínhamos cem quilómetros de estrada pela frente até ao aeroporto mais próximo, enfiados numa carrinha de nove lugares apesar de sermos onze, e ainda dois locais ditos especiais para visitar no caminho.
1 comentário:
3 camas por quarto??? Ia dizer uma coisa mas acho q seria bastante previsivel, han?
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