Os Mundos e a Porta

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quinta-feira, 12 de abril de 2007

Ainda Pingyao - Cap. I: A Viagem para Lá.

Apesar de alguns Gobi Fans serem especialmente iletrados e não gostarem de posts cheios dessas coisas estranhas a que alguém chamou palavras, exercendo pressões inaceitáveis para que este folhetim se torne numa Hola! chinoca, aqui estou para descrever a todos os outros a nossa viagem de há cerca de semana e meia a essa nada bela localidade de Pingyao.

Desde logo, uma nota para a Beijing West Railway Station que, não sendo a principal de Pequim, é brutalmente grande. A única coisa que me ocorreu dizer, quando fui comprar os bilhetes cinco ou seis dias antes foi “é maior que muitos aeroportos onde já estive”. Com security checks e tudo. Terminais, mangas de acesso, enfim...
Fica a foto do arco de entrada.

Viajar em comboios chineses é muito interessante, sobretudo se tivermos de dormir neles. Não fomos a tempo de comprar bilhetes soft sleeper, que são a versão mais confortável dos beliches que preenchem parte destes comboios de longo curso. A diferença para os outros, hard sleeper, onde fizemos a viagem, é que cada compartimento tem quatro camas, não seis e ainda tem porta para fechar e isolar do corredor, o que os hard sleeper não têm. Além disso, o colchãozinho dos soft é um pouco mais fofo que o dos hard.

A verdade é que, ao dar umas voltinhas pelo comboio (estilo FD, a percorrer as carruagens só para ver quem está e dizer uns olás), rapidamente nos apercebemos que hard sleeper é bem melhor, não só pelo preço mas também porque é muito mais arejado e com um aspecto mais limpo. O ambiente nestas carruagens é comunitário e muito familiar. Quem tem um beliche de baixo oferece-o para que outros possam sentar-se; o cheiro a comida aquecida domina; as pessoas acotovelam-se para passar no estreito corredor; há roncos, pés de fora das camas, traques, gente a passear de pijama e passadeiras de alcatifa muito gasta.

O tempo foi passando, por entre histórias de acampamentos e outras minhas desventuras, piadas fáceis do João, snacks rápidos da Mother Boli, cigarrinhos com o Commander Gonças e cervejinhas frescas ajuizadamente adquiridas pela Suzie Wong. Até que o cansaço nos venceu e lá fomos confrontar-nos com o teste final. As camas não eram desconfortáveis, eram muito limpas e com direito a um edredon, uma almofada e uma toalha. Recomendo a quem quiser passear por cá. A doze euros por seiscentos quilómetros, acho que vale a pena.

Doze horas depois, era dia e estávamos em Pingyao.

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