Os Mundos e a Porta

Os Mundos e a Porta

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Episódios da Viagem.

Chegámos a Chengdu. Uma cidade média, com cerca de quatro milhões de habitantes, capital da província de Sichuan, no centro sul da China. O vôo tinha sido calmo, excepto a descolagem que foi um pouco acidentada. A companhia era a Air China, por isso, tudo tranquilo. Após alguns minutos de espera, lá fomos num minibus para a pousada. Ficaríamos uma noite no Holly Hostel, local simpático mas que tinha mais ar de pensão manhosa do que propriamente de pousada de juventude. Bom bom era o pequeno almoço lá servido. Tão bom que havíamos de lá voltar no último dia, só para tomar a primeira refeição do dia.

Nesse primeiro dia fomos ao Centro de Criação de Pandas Gigantes. Vimos alguns, uns mais à solta, outros menos. Certo é que esse dia seria o primeiro de muitos em que o ailuropoda melanoleuca haveria de dominar as conversas e as piadas. Mas talvez fale do panda num post específico, tal a pertinência e a importância do tema.

No dia seguinte acordámos cedo. Íamos ver o Grande Buda Sentado, uma escultura com cerca de setenta e sete metros de altura, escavada numa falésia, há umas largas centenas de anos, situada em Leshan. Foi interessante e foi também a primeira caminhada/escalada, actividades que marcariam o resto da semana. Trata-se de uma daquelas visitas que à partida não puxa muito, porque a ideia de fazer mais de cem quilómetros para ver um gordo de pedra sentado é tão apelativa como levantar às seis da manhã para ir para a bicha das Finanças para pagar o IRS. Mas a verdade é que a visão do cavalheiro em questão, que é magro, é realmente um assombro, sobretudo tendo em conta que foi feito sem recurso a telemóveis nem GPS.

Após esta visita, apanhámos o minibus para uma localidade a cerca de cento e sessenta quilómetros de Chengdu, denominada Emei. Emei não é mais que uma aldeia satélite de uma montanha com pouco mais de três mil metros de altitude, com o mesmo nome, que basicamente alberga um dos mais importantes complexos religiosos do budismo na China. Bonito foi matar saudades das caminhadas e subir uns milhares de degraus montanha acima, por entre uma floresta muito bela e densa. A certa altura arrependi-me, mas tinha uma reputação a salvaguardar e lá segui, em direcção aos meus restantes companheiros, que, prudentemente, preferiram o abichanado teleférico para realizar a dita ascensão.

Deste dia, fica o espanto de ver um autêntico mar de nuvens sob os nossos pés, um manto que toca os picos da grande montanha, por sua vez dominados por templos que mais parecem faróis de navios que ali não podem existir. Uma imagem saída de uma fábula.

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